divórcio ou casamento eterno?...

2011-04-17

Tempos complicados

Estas duas ou três semanas foram para mim especialmente ricas de acontecimentos. Tantos… que nem tive tempo de vir dizer um olá aos amigos.

Quanto à nossa situação nacional foi-me referido por dois amigos que estão fora do país que pela primeira vez tiveram vergonha de ser portugueses, porque lá ninguém percebe esta falta de entendimento, de tribalismo político-partidário e de autofagia nacional. Mas também o que seria de esperar de uma sociedade que não cria um ambiente de responsabilidade, de iniciativa, de capacidade de tentar construir pontes e espaços de diálogo? Não é deste ambiente que saem os principais responsáveis em todos os âmbitos da nossa sociedade? Felizmente que alguns não vão na onda, mas a maioria não resiste ao bom que é pertencer ao sistema para não ter problemas nem chatices.

Participei na animação de alguns encontros, onde foram abordados temas muito interessantes e que gostaria de ir partilhando aqui: Laicismo e Laicidade; Pobreza e Exclusão Social; Contributo específico dos católicos para a crise; as Obras de Misericórdia hoje em tempos de crise. Foi giro preparar estes temas.

Também tive a informação de que no meu pulmão esquerdo se estão a desenvolver mais umas metástases e para poder combatê-las já comecei mais um ciclo de quimio: passei quatro dias no Hospital e vou voltar lá de três em três semanas. Este novo tratamento tem, pelo menos, um factor positivo: não vai obrigar-me a passar muitas noites (e dias) no hospital.
Este vai ser um tempo de alguma meditação interior, sobretudo sobre algumas questões que têm a ver com a crescente purificação do meu conceito de Deus e das minhas relações pessoais com Ele.

E termino hoje com uma das frases que mais me marcou e que encontrei  um das minhas preparações coloquiais: a afirmação terrível de Primo Levi, que sobreviveu a Auschwitz, mas praticando “uma moral de sobrevivência” que, cá fora, o encheu de vergonha. Contudo considera que maior é a vergonha da humanidade, que tudo faz para ignorar os inúmeros campos de extermínio, o que demonstra que “o homem, o género humano, isto é, nós próprios, éramos (somos, digo eu) potencialmente capazes de causar uma enorme infinidade de dor e que a dor é a única força que se cria do nada, sem custo nem trabalho. Basta não olhar, não escutar, não fazer nada”.

NÃO OLHAR, NÃO ESCUTAR, NÃO FAZER NADA. aqui está um espectacular programa de vida para quem não quiser ter problemas de consciência.

0 Comentários:

Enviar um comentário

<< Home