A crise volta dentro de momentos… mas não antes de 29 de Junho!?
Começa hoje o campeonato europeu de futebol.
Foi quase alienante o modo como a preparação da nossa equipa foi tratada pelas televisões. Tudo o resto parece ter passado para segundo plano. Mesmo as manifestações de centenas de milhares de pessoas contra o pacote laboral, o comício da Esquerda foram esquecidosperante esta euforia.
Os exageros estimulam a quase certeza da vitória final sem repararmos que temos uma equipa, que é ainda de transição, onde os grandes timoneiros deram lugar a gente muito talentosa mas nova e com alguma falta de calo.
Mas o futebol sem esta alienação seria futebol? E não será estimulante para quem vive em dificuldades ter o prazer de antever a vitória, de admirar uma defesa, de saborear o golo redentor?
Apesar das SADs, das corrupções, da falta de amor à camisola, resultado da dinheirização do futebol, ainda sobra para o adepto o que há de irracional, de emotivo, de quase religioso (não se fala tanto da mística clubística!?).
Que este seja um tempo de festa. Se não ganharmos, que ao menos tenhamos passado um bom bocado. A crise, entretanto, volta dentro de momentos, de preferência não antes do fim do mês.
Para que a festa seja a sério, aqui fica a receita: fazer como Jesus, nesta parábola de Antony de Mello, “Jesus e o futebol”:
Jesus disse que nunca tinha visto um jogo de futebol. Resolvemos, então, levá-lo a um, eu e alguns amigos. Foi um jogo renhido entre os Católicos, azuis, e os Protestantes, preto e branco.
O primeiro golo foi dos católicos, com grande alegria para Jesus que até atirou ao ar o seu chapéu. Mas, logo veio o golo dos Protestantes e Jesus teve a mesma reacção de entusiasmo e fez o mesmo gesto com o chapéu.
Isso deixou meio baralhado um dos muitos entusiastas que estava atrás de nós. Não resistiu a bater no ombro de Jesus e perguntar-lhe:
- Mas, afinal, você de que equipa é?
-Eu? - responde Jesus - de nenhuma; estou aqui para me divertir a ver o jogo.
O homem atrás de nós, então, disse ao vizinho:
- Olhe aí! Mais um ateu!
Ao sair do estádio, demos algumas dicas a Jesus a respeito da situação religiosa do mundo hodierno. Concluímos dizendo:
- Sabes, Senhor? As pessoas religiosas parecem pensar que Deus está sempre do lado delas contra as pessoas do outro lado.
- É assim mesmo, concordou Jesus; é por isso que Eu não apoio religiões; Eu apoio pessoas! As pessoas são mais importantes do que as religiões. O homem é mais importante do que o sábado.
- Cuidado, Jesus! Olha bem o que estás a dizer! Lembra-te de que já foste crucificado uma vez por andar dizendo estas coisas...
- Sim, fui crucificado... e por pessoas religiosas - disse Jesus com um sorriso meio enigmático.
1 Comentários:
Quem devia ler e meditar sobre isto não lê... Não se pode fazer chegar o texto à respeitável hierarquia que recentemente ameaçou de excomunhão cristãos preocupados com as angústias de todos nós...
Um abraço. CG
7/6/08 13:36
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