País em vias de paralização
Um homem, uma pessoa com passado e presente, com família e amigos, com alegrias e tristezas, morreu ontem estupidamente na luta pelo boicote de camiões: por ideal? por interesses egoístas? por imprudência? por incapacidade de diálogo? or que se achava dono da verdade e com direito a fazer o que lhe apetecer? Talvez por tudo isto. Mas foi uma morte de uma pessoa. Que nada e ninguém pode substituir.
Tudo aconteceu no contexto criado por alguns transportadores que, confiados na omnipotência do seu poder, iniciaram um boicote a tudo o que são transportadores, o que já está a colocar as pessoas e muitas empresas em sérias dificuldades.
Dir-se-á que não se lhes pode exigir muito mais num país corporativista que apenas olha para os interesses egoístas como aliás os tempos recentes demonstram, embora com efeitos menos dramáticos.
Mas esta situação coloca-me algumas interrogações.
São apenas os transportadores que sofrem com o aumento de preço dos combustíveis? Certamente que não. Todos os portugueses o sentem ou vão sentir não só no aumento da gasolina, mas também da generalidade dos produtos mesmo essenciais. Há, por outro lado, muitos que precisam, como os camionistas, da gasolina para o seu trabalho diário. Quais as razões para terem um tratamento especial, sobretudo quando a sua situação não depende de nenhuma legislação, como acontece, por exemplo, com os taxistas que, como têm os preços congelado pelo Estado, são obrigados a absorver na sua margem de lucro o aumento do preço dos combustíveis?
Por que não fazem incidir o aumento do preço dos combustíveis no preço que cobram, como acontece nos outros sectores?
Ao abrigo de que legislação lhes vem o direito de obrigar a parar os que não concordam com eles? Acham bem que as associações de consumidores fossem impedi-los de se manifestar?
O governo tem aqui especiais responsabilidades não só como diz Sócrates porque não podem tomar medidas que ponham em causa todo o esforço que foi pedido aos portugueses, mas também porque são os primeiros garantes de um Estado de direito onde não é permitida qualquer forma de justiça popular, com está a acontecer na maior parte dos boicotes.
Além disso o governo tem como primeira obrigação a defesa e promoção do bem comum. Ora começa a ficar insuportável o estado a que chegaram as coisas. Quem viu as SicNotícias ontem deu-se conta de vários estrangulamentos de bens essenciais em supermercados. Mas também outras consequências: só num aviário, duzentas toneladas de frango que terão de ir para a rua por dia; onze mil litros de leite diariamente deitados fora, só numa empresa, etc.
O Estado e a sociedade não podem estar reféns de meia dúzia de indivíduos que pensam que são mais cidadãos que os outros e cuja filosofia de vida é “os outros que paguem a crise”. Porque todo o país está em causa, o que não acontece com nenhuma greve sectorial ou geral (e nem sequer sei se esta situação se pode considerar equivalente a uma greve ou tem fundamento legal), é urgente que rapidamente o governo tome atitudes não só de protecção aos abastecimentos mas até mesmo de penalização adequada de quem se quer, sem qualqure legitimidade, tornar dono do país.
1 Comentários:
O Presidente da Associação Nacional de Revendedores de Combustíveis recomenda a compra de uma bicicleta.
http://diario.iol.pt/economia/combustiveis-filas-portugal-postos-anarec/961393-4\
058.html
Saiba como utilizar a bicicleta na cidade:
http://bicicletanacidade.blogspot.com/
http://100diasdebicicletaemlisboa.blogspot.com/
11/6/08 13:58
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