Diem perdidi
Ontem dispus-me a sentar-me em frente à televisão para acompanhar o “Estado da Nação” e ficar a saber mais alguma coisinha para lá das leio nos jornais. Por isso, as minhas expectativas eram muitas.
De Sócrates esperava naturalmente que fosse elencar o conjunto de obras, leis e reformas que o governo está a fazer para tornar o país mais justo, mais desenvolvido, etc., etc.. Dele não esperava muito mais para lá do elogio so governo e a culpabilização da crise internacional.
Lá aguentei a hora de Sócrates, que disse o esperado, mais a mais, já o fizera em recente entrevista com mais algumas novidades das que achei interessante o passe escolar, por exemplo. Ouvi muitas outras onde se falam das centenas de portugueses que iam ser beneficiados.
Até porque a minha esperança vinha da oposição que ocupa o Parlamento, cuja missão é fiscalizar e interpelar seriamente e em profundidade a acção do governo. E se há questões a colocar…
Pois ao fim de duas horas estava perfeitamente decepcionado. Dando o benefício da dúvida a Paulo Rangel, que fazia a sua estreia, que tristeza de imagem deram aqueles nossos deputados, a elite dos nossos deputados, que nos custam rios de dinheiro em ordenados e em reformas e que pouco ou nada fizeram para que as grandes questões fossem abordadas: afirmações vagas, perguntas mal colocadas e sobretudo mal fundamentadas, gráficos e observações que se encontram em qualqure jornal, dossiers mal preparados ou nem sequer estudados, chavões mais que conhecidas. Será possível que não tenhamos deputados que merecem o nome de servidores da nação? O que estão eles lá a fazer?
Mas o momento mais incomodativo para mim foi aquela história ridícula dos IVAs do Paulo Portas. O homem, para lá de se ver que já não é nada, mesmo nada, do que era, veio pôr uma questão verdadeiramente idiota. Em 2000, com IVA a 21%, uma dada factura pagou 9,5€; em 2008, com o IVA a 20%, a mesma quantidade de produto pagou de IVA 10,5€. Como era possível tal roubalheira? Será que ele não percebeu que em 8 anos os preços aumentaram e sendo o IVA uma percentagem dos preços, a sua pergunta era mesmo idiota?! Valeu-lhe a caridade de um ministro que apenas lhe sugeriu que comprasse um livro de Matemática que poderia até ser do 5º ano!
Um país para poder desenvolver-se precisa de um governo decido, inovador, capaz de prever situações de crise e de imaginar respostas possíveis. Mas precisa tanto ou mais de uma oposição que não o deixe fazer o que quer e sobretudo que tenha propostas sobretudo num tempo de crise como o nosso, em que possivelmente ninguém, nem o governo, sabe muito bem o que há-de fazer.
A “política é uma arte nobre e difícil” (GS 75) e "é uma maneira exigente se servir os outros" (OA 46). Por isso precisa de uma preparação séria, honesta, cuidada dos seus servidores. O país tem o direito de o exigir.
Ou teria… porque com a falta de cidadania e de consciência do bem comum que há no nosso país, onde a esmagadora maioria dos cidadãos cada um apenas pensa em si e nos seus interesses, seria de esperar outra coisa?
Não saem os nossos deputados do meio deste povo egoísta e corporativista?!
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