divórcio ou casamento eterno?...

2008-07-17

Jesus Cristo (II)

Amo Jesus, em segundo lugar, porque me deu a conhecer o que é possível conhecermos sobre Deus, porque ele é o exegeta do Pai (J0 1,18) e porque “quem me vê a mim vê aquele que me enviou” (Jo 12,45) e “se ficaste a conhecer-me, conhecereis também o Pai e já o conheceis porque estais a vê-lo” (Jo 14,7).

Deus é amor
Descobri isso sobretudo na parábola do filho pródigo que li dezenas de vezes. Aquele Pai que tudo suporta, tudo aceita até a degradação física e moral do filho valdevimos. Esse Pai, todos os dias vai para o pátio na esperança de ver surgir o filho no horizonte. E quando ele chega faz uma festa de arromba, que causa profunda revolta ao irmão que sempre se tinha comportado bem. Já repararam que ainda hoje é assim que nós, os bons comportados, tratamos os marginais, que são os filhos pródigos de hoje?

Deus é o Senhora da história
Por isso, com avanços e recuos, com fracassos e vitórias resultante do diálogo dialéctico entre a vontade dos homens e mulheres e a vontade Deus, a história é globalmente linear e cada vez mais se vai aproximando da plenitude do Reino de Deus. E esta é uma certeza libertadora, mobilizadora, inimiga do desespero e um desafio constante e a uma intervenção contínua, persistente e confiante na construçã da história.
Daí que Deus tenha um projecto para cada um de nós. Projecto que, infelizmente, de um modo geral não encaixa nos nossos e por isso, temos tanta dificuldade em aceitá-lo, porque isso implicaria uma revolução profunda na vida de cada um de nós. O espantoso diálogo entre Moisés e Deus (Ex 3,11-4,17) é o exemplo paradigmático da dificuldade dos que procuram ouvir Deus. Mas a generalidade não ouve, não quer ouvir ou não pode ouvir essa exigência.

Deus quer precisar de nós
Deus podia intervir na história e pôr tudo em ordem sempre que quisesse. Mas ele respeita absolutamente a vontade de cada um: propõe, até pode insistir, mas se não convence, não obriga.
Este querer que sejamos nós sejamos os seus instrumentos.
Foi para mim uma descoberta carregada de consequências, de que recordo apenas duas.
Primeira: percebi que as minhas acções libertadoras, que supunha individuais e anónimas, não são “apenas” acções minhas; eram e são respostas ao desafio de Deus que quer que eu, EU, também seja construtor da história, seja seu instrumento nessa tarefa ingente e continuada. Porque apenas sou instrumento seu, as minhas acções, por insignificantes que sejam, ganham uma dimensão universal. Daí a minha responsabilidade em agir positivamente e não desperdiçar a minha vida em acções anti-projecto de Deus. Bonitas palavras, mas tão triste o meu comportamento nas muitas ocasiões que traio este projecto de Deus a meu respeito.
Segunda: as acções libertadoras de todos os outros, crentes ou não, são também acções de Deus que, por seu intermédio, quer fazer avançar a história. “Deus não faz acepção de pessoas” (Act 10,34; Rom 2,11; Gal 2,6; Ef 6,9; Col 3,25) e não fica à espera que os católicos, por vezes tão entretidos, e tantas vezes de modo tão passadiço (diacronicamente, porque agarrados às variadas soluções dos séculos passados, e sincronicamente, porque hoje o fazem de forma bonzai e soft), com os seus problemas internos e tão pouco preocupados com o avanço da história. Por isso DEus "reve" que se socorrer de pessoas como Marx, Darwin, Freud e tantos outros, que os católicos olham de soslaio, como se serviu também de tantos cristãos também eles comprometidos num futuro melhor e também muitos deles olhados de soslaio por muitas comunidades de crentes.
“Deus não julga pelas aparências nem profere sentenças só pelo que ouve dizer, mas julgará com justiça e com equidade” (Is 11,3-4) e “julga, sem parcialidade, cada um segundo as suas obras” (1Pedr 1,17).

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