divórcio ou casamento eterno?...

2008-07-16

Jesus Cristo

Como referi ontem a razão fundamental por que amo a Igreja é ter-me dado a conhecer Jesus Cristo.
Em primeiro lugar porque me deu um rumo e um sentido profundos à minha vida. E facilmente entenderão que o meu maior drama seja e é não ter sido suficientemente fiel a eles.
Num primeiro tempo, em que já tinha catequese dada por especialistas, insistia-se muito na dimensão transcendental de Jesus, uma espécie de monofisismo (uma só natureza) que não me satisfazia de todo. Foi, então, que li o livro de N. Kazantzaki, “A Última Tentação”, que me encheu a alma, porque me mostrou a outra dimensão: um Jesus profundamente humano, demasiado humano para muitos teólogos, mas que me serviu para equilibrar os “exageros” da dimensão transcendental. Devo acrescentar que a primeira vez que o li, logo no Prefácio, chorei, talvez tanto como o autor, com a sua confissão de fé. Para quem só se ficou pelo filme aqui deixo uma passagem desse Prefácio, que descreve bem o conteúdo do livro e o quanto o livro me marcou.
Nunca segui com tanto terror a sua marcha sangrenta até ao Gólgota (Calvário), nunca vivi com tanta intensidade, com tanta compreensão e amor, a Vida e a Paixão de Cristo, como durante os dias e noites em que escrevi A Última Tentação. Ao escrever esta confissão da angústia e da grande esperança dos homens, sentia-me tão emocionado que os meus olhos se embaciavam de lágrimas. Nunca, até então, sentira, com tal doçura, com tal sofrimento, o sangue de Cristo tombar, gota a gota, no meu coração.
Porque Cristo, para subir ao alto do sacrifício, para subir à Cruz, ao cimo da materialidade, a Deus, passou por todas as provas do homem que luta. Todas, e é por isso que o seu sofrimento nos é tão familiar, é por isso que sofremos com ele, é por isso que a sua vitória final nos parece a nossa vitória futura. Tudo o que Cristo tinha de profundamente humano nos ajuda a comprendê-Lo, a amar e a seguir a sua Paixão, como se fosse a nossa. Se não houvesse Nele o calor deste elemento humano, nunca poderia ter tocado os nossos corações, tão profunda e suavemente, nunca poderia ter-se tornado um modelo para as nossas vidas. Lutamos, vemo-Lo lutar como nós e tomamos coragem. Compreendemos que não estamos sós no Mundo e que Ele luta ao nosso lado.
Cada momento da vida de Cristo é uma luta e uma vitória. Ele triunfou do irresistível encanto das simples alegrias humanas, ele triunfou da tentação: transformou, sem cessar, a carne em espírito e prosseguiu a sua ascensão, chegou ao Gólgota e subiu à Cruz.
Mas o seu combate não terminou ali; na Cruz esperava-O outra tentação, a última Tentação. Num clarão rápido, o espírito do Mal colocou perante os olhos desfalecidos do Crucificado a visão pérfida de uma vida pacífica e feliz: enveredara – foi a ilusão que teve – pelo caminho uniforme e fácil do homem, casara, tivera filhos, os homens amavam-no e estimavam-no; e agora, já velho, estava sentado na frente da sua casa, lembrando-se das paixões da juventude e sorrindo, satisfeito. Como procedera bem! Que sensatez, a de ter seguido o caminho dos homens, e que loucura, se tivesse querido salvar o Mundo! Que alegria, o ter escapado aos sofrimentos, ao martírio e à Cruz!
Foi esta a última tentação que, pelo espaço de um relâmpago, perturbou os derradeiros instantes do Salvador.
Mas, bruscamente, Jesus sacudiu a cabeça, abriu os olhos e viu claro: não, não, não tinha traído, louvado seja Deus, não tinha desertado, tinha cumprido a missão que Deus lhe confiara, não se casara, não vivera feliz, chegara ao cimo do sacrifício e estava pregado na Cruz.
Fechou os olhos, satisfeito. Então, ouviu-se o grito triunfante: Tudo se cumpriu!
Sim, eu cumpri o meu dever, fui crucificado, não cedi à tentação.
Fim de citação com uma lágrima ao canto do olho.
Quando comecei a escrever não fazia a mais pequena ideia de citar Kazantzaky. Mas o pensamento e a escrita muitas vezes empurram-nos para caminhos que já só temos no sub-consciente ou no inconsciente e expõem-nos à luz da nossa reflexão "imediata". Mas penso que valeu a pena fazer esta tão longa cotação, que foi tão marcante para a minha vida e para um melhor conhecimento de Jesus Cristo. Espero que também seja reconfortante para alguém!
Por isso terei de retomar o tema amanhã. Porque Jesus também me deu a conhecer Deus.

2 Comentários:

Blogger Blog do Guilherme disse...

Nossa, essa é a pesquisa que eu prescisava, presciso apresentar a catequese e nessa pesquisa encontro tudo

26/8/09 17:27

 
Blogger Zé Dias disse...

Ainda bem que pude ser útil!

27/8/09 19:07

 

Enviar um comentário

<< Home