Por que amo a Igreja?
A história da Igreja católica é uma história como a de qualquer instituição humana. Apesar de instituição divina é ela também humana e como tal formada por homens e mulheres que são capazes de praticar as acções mais sublimes mas também de cair em baixezas demasiado indignas. Estas últimas são mais conhecidas e badaladas do que as muitas outras que envolveram avanços, espectaculares mesmo, na evolução da humanidade.
Houve papas com comportamentos humanos indignos como houve muitos mais que estiveram na frente da luta pela dignidade humana. Houve muitos momentos “obscuros” do próprio Magistério, como houve papas com uma clarividência profética e revolucionária para a sua época. Mas, como recordava João Paulo II, “pela força do Evangelho, ao longo dos séculos, os monges cultivaram as terras, os religiosos e as religiosas fundaram hospitais e asilos para os pobres, as confrarias, bem como homens e mulheres de todas as condições, empenharam-se a favor dos pobres e dos marginalizados, convencidos de que as palavras de Cristo: «Cada vez que fizestes estas coisas a um dos meus irmãos mais pequeninos, a Mim o fizestes» (Mt 25, 40), não deviam permanecer um piedoso desejo, mas tornar-se um compromisso concreto de vida” (CA 57).
Também se deve ao cristianismo um contributo fundamental para abrir na história do mundo uma das brechas mais porofundas em favor dos direitos humanos: pela primeira vez, pessoas percorreram o mundo inteiro proclamando abertamente que todos os homens e todas as mulheres são irmãos e irmãs, filhos e filhas do mesmo Pai, sem qualquer distinção e que, por isso, merecem igual respeito independentemente da sua cor, do seu credo, da sua língua. E há outros pontos que se poderiam acrecsentar (G. Rémond): o conceito de universalimo e o de pessoa, a laicidade, o primado da moral
Portanto, a história da Igreja é, como a de qualquer instituição humana, marcada por pontos fracos e pontos fortes.
Mas não é especialmente por isto ou nem é por causa disto que amo profundamente a Igreja.
A razão fundamental do meu amor pela Igreja é ter-me dado a conhecer Jesus Cristo. De tal modo estou agradecido à Igreja que sinto necessidade de dizer como um teólogo que já não recordo o nome: “Eu perdoo tudo à Igreja porque me deu a conhecer Jesus Cristo”.
Não fosse a Igreja, eu supostamente nunca o teria conhecido. Conheci-o, como todos os outros, através de uma cadeia credível de testemunhos que começou com os apóstolos e terminou… na minha mãe. É que eu vivi os primeiros anos num local isolado – uma central eléctrica – onde a única catequista que tive foi a minha mãe, uma mulher analfabeta de letras, a quem não deixaram frequentar a escola como à maior parte das raparigas do seu tempo. Mas tinha uma grande sabedoria de vida e sobretudo uma fé de arrasar montanhas, com um amor ilimitado a Jesus Cristo e à Igreja, apesar de sofrer com atitudes que ela não conseguia perceber mas que lhe pareciam quase impossíveis num Deus bondoso. Por exemplo, como era possível que todos os dias milhares de almas caíssem no inferno. Afirmação que ela ouvia tantas vezes nas homilias mas também nas palavras que Nossa Senhora disse aos pastorinhos. Dramas insolúveis que uma pastoral do medo, tão do agrado da Igreja noutros tempos (e às vezes ainda hoje nalguns púlpitos), colocava a pessoas que tinha uma garnde fé em Deus, mas um Deus Amor e não um Deus vingativo.
E com estas histórias não respondi à pergunta inicial. Mas um dia não são dias e ainda há muito espaço no blog para escrever.
Termino recapitulando. Penso que amo profundamente a Igreja porque me deu a conhecer Jesus Cristo e porque acredito que o Espírito Santo está com ela até ao fim dos tempos.
1 Comentários:
Obrigada por mais esta página. Regalo-me a ler o que escreve. Ainda bem que ler não engorda, porque me dá mais prazer que pastéis de nata e coisas assim!
Um abraço duma gulosa.
C.G.
15/7/08 14:23
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