divórcio ou casamento eterno?...

2008-07-19

Um vídeo importante

Guantânamo é um dos pontos mais negros da nossa história actual; ou mesmo o mais negro porque criado por um governo dito civilizado. Se fosse um qualquer “senhor da guerra” dos que abundam por esse mundo fora, mas pelos Estados Unidos!!!
Basta ser suspeito para lá ficar preso durante anos. Ali não impera a lei, não se faz sentir o direito. É a lei da selva onde vale tudo: privação de sono, uso de cães para assustar o detido, simulação de afogamento e outras manifestações da dimensão bestial do ser humano, que estão a produzir distúrbios mentais a uma boa parte dos quase 300 suspeitos de terrorismo, nenhum dos quais foi levado em seis anos perante un tribunal digno de tal nome. Nem sequer se aplica (parece que agora as coisas vão mudar de figura, embora contra a vontade expressa de Bush) a doutrina estabelecida en Junho de 2006 pelo Supremo Tribunal , segundo a qual qualquer pessoa sob a custódia militar estadounidense em qualquer parte do mundo tem direito pelo menos a ser julgada por unm tribunal constituído regularmente e com todas as garantias judiciais. Como conclui um relatório pedido pelo Senado americano: “os EUA estão a cometer crimes de guerra”.
Podemos falar dos autores deste campo de extermínio e de degradação, mas não sejamos hipócritas: todos sabemos bem o que é Guantânamo e as injustiças que lá se cometem. E já sabemos há muito.
Foi agora divulgado um vídeo que, embora de má qualidade, mostra Omar Khadr, uma criança de 15 anos (haverá uma pedofilia militar para torturadores?), que mostra o corpo marcado por cicatrizes e que no final, quando os trucidários se retiram, pede que o matem.
Eu tenho muita esperança neste vídeo, porque acredito que, apesar de não apresentar a violência pura e dura, vai ter um efeito eficaz, porque nós já não vivemos tanto na época do áudio, mas do visual.
E a minha esperança resulta do que aconteceu com o vídeo “massacre de Santa Cruz” em Timor. Não me recordo de ver sangue, ouvi uns tiros em fundo, vi muita gente a fugir e a refugiar-se na igreja a rezar a Avé Maria.
Não vi nenhum morto mas já lera, como muitos outros, que tinham sido mortos cerca de 200 mil timorenses. Mas esse número descomunal não foi capaz de tocar a consciência colectiva com a força que umas imagens tiveram: dois minutos de vídeo valem mais que duzentos mil mortos.
É que as injustiças só existem se forem denunciadas e publicitadas. Caso contrário, só existem para quem as sofre. Por isso, é uma obrigação moral de todos e de toda a sociedade estas denúncias não só áudio mas também visuais e multimédia que mostrem a realidade da injustiça nas suas múltiplas formas.
Por isso, os Bispos reunidos em Sínodo em 1971 faziam um veemente apelo para que as comunidades cristãs sejam a voz das vítimas silenciosas e silenciadas: “A nossa acção deve ter como objectivo em primeiro lugar aqueles homens e nações que devido a formas diversas de opressão e por força da índole própria da sociedade actual são vítimas silen­ciadas da injustiça e, mais ainda, vítimas da injustiça sem direito a voz” (JM 20).

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