divórcio ou casamento eterno?...

2008-12-15

Alegria

Ontem foi o domingo dedicado à alegria.
Não entendo muito bem por que razão há um domingo da alegria no Advento. Não devia ser todo o Advento um tempo de alegria?
Alegria porque celebramos a memória da vinda do Salvador. O nosso Deus entrou na história. E a partir daí, a história passou a ser não só lugar no qual Deus nos fala em cada tempo e lugar, mas também o lugar onde vai acontecendo a salvação. Não, é certo, de maneira definitiva e por isso nós vivemos numa tensão permanente entre o JÁ SIM da Salvação e o AINDA NÃO da sua plena realização.
Todos sabemos que a história é um caminho tortuoso com avanços e recuos, mas que tem um sentido último que ninguém pode anular. Podemos atrasá-lo, mas não anulá-lo. Paulo VI diz isto numa frase densa e linda: “É no coração do mundo (da história) que permanece o mistério do próprio homem, o qual se descobre filho de Deus, no decurso de um processo histórico e psicológico em que lutam e se alternam violências e liberdade, peso do pecado e sopro do Espírito” (OA 37). O Advento indica-nos e garante-nos que, apesar desta ambiguidade, o SIM definitivo está assegurado e isto é, tem de ser, para nós motivo de grande alegria.
Assim, o Advento é o tempo da esperança, da certeza de que a história, apesar dos avanços e recuos ,está apontada para o Reino definitivo de Deus, “um reino eterno e universal: um reino de verdade e vida, reino de santidade e de graça, reino de justiça, de amor e de paz” (GS 39).
Certamente por isso temos tantas leituras tiradas do profeta Isaías, um dos profetas que melhor proclamou a esperança que animou e estimulou o povo de Israel nos momentos difíceis da sua conturbada história, anunciando um Salvador definitivo e para todos que há-de nascer de uma Virgem.
Também nós acreditamos nesse Salvador. Não sabemos quando virá definitivamente. Mas sabemos que virá. E o Advento é mais um tempo forte para não só recordar mas sobretudo para celebrar essa esperança, essa certeza, da sua vinda definitiva.
E isto só pode ser motivo de alegria. Não uma alegria exterior, balofa, que se compra nas prateleiras dos supermercados, nos corredores do poder ou nos braços do prazer, mas uma alegria interior, profunda, que, mesmo no meio da maior tristeza, nada nos pode arrancar.
O nosso Salvador venceu “o príncipe do mundo”, a morte e o pecado.
Saber isto, recordar isto, celebrar isto é o fundamento da nossa alegria, da nossa alegria cristã.

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