divórcio ou casamento eterno?...

2008-12-14

Dar testemunho

Este domingo, terceiro do Advento, continua a mostrar-nos João Baptista. Ele apareceu para dar testemunho da Luz. Ele não é a luz, mas veio para dar testemunho da luz. Como nós, crentes ou não crentes. Cada um deve testemunhar a luz, porque sem luz não podemos caminhar nem construir a história. Os cristãos são chamados a testemunhar a Luz que é Cristo.
Testemunhar esta Luz não é uma tarefa fácil. Porque a Luz que nos compete testemunhar morreu numa cruz. Pode até ser mesmo perigoso: “Bem-aventurados sereis quando por minha causa vos injuriarem e perseguirem”. E imediatamente antes, num paralelismo que não deve ter sido mera coincidência, proclamava noutro macarismo: “Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus” (Mt 5,11.10). Disto o próprio João Baptista foi exemplo como o são muitos mártires antigos ou modernos.
Outro motivo de sofrimento para nós é que esta aposta divina na libertação e na salvação nem sempre acontece na história. Porque apesar de Deus ser o Senhor da história está “sujeito” à nossa vontade e à nossa intervenção. Ele impulsiona, anima, insiste, proclama, pede, mas não obriga ninguém.
Por isso, o Espírito está presente, actua, torna-se visível no mundo sempre que somos criativos e geradores de utopias que apontam para uma humanidade nova, sempre que lutamos pela fraternidade, pela justiça, pela solidariedade e especialmente sempre que lutamos para que não haja pobres, marginalizados, explorados, porque eles são o próprio Cristo que nós só conseguimos ver através dos olhos da fé.
Por isso, ali “onde a globalização das relações económicas condena à morte milhões de seres humanos e ao desaparecimento de muitas e variadas formas de vida, ali onde a afirmação egolátrica da própria liberdade produz insensibilidade e apatia perante o sofrimento alheio, ali onde a idolatria do bem viver desumaniza os seres humanos; numa palavra, ali onde o pecado controla a nossa liberdade, o Espírito, ‘que enche o universo, que guia o curso dos tempos com admirável providência e renova a face da terra’ (GS 26;11), sofre um processo de humilhação, de encobrimento e de quenose” (A. Comin)

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