Banco Alimentar
Penso que a solidariedade deve ser antes de mais um estilo de vida, na linha do que escreve João Paulo II ao afirmar que a solidariedade “não é um sentimento de compaixão vaga ou de enternecimento superficial pelos males sofridos por tantas pessoas, próximas ou distantes. É pelo contrário, a determinação firme e perseverante de se empenhar pelo bem comum; ou seja, pelo bem de todos e de cada um, porque todos nós somos verdadeiramente responsáveis por todos” (SRS 38).
Mas, como não somos perfeitos, preferimos o que chamo “uma solidariedade de impulsos”, em determinados tempos e circunstâncias. Mas somos assim e pronto.
De qualquer modo, não posso deixar de destacar o facto de apesar da crise que todos vivemos, este fim de semana ter sido batido o recorde em ajudas ao Banco Alimentar: 1905 toneladas de alimentos recolhidos em apenas dois dias, mais 19% em relação a 2007.
Deste gesto de generosidade depende a sobrevivência de muitas pessoas. A distribuição destes alimentos já começou a ser feita por 1618 instituições, que irão atingir 245 mil pessoas, ou seja nas palavras da presidente do Banco Alimentar, Isabel Jonet, "2,5 por cento da população portuguesa" come graças a esta ajuda.
Este gesto é o somatório de dois tipos de solidariedade: a dos que dão alimentos e a dos cerca de 20 mil voluntários que se dispuseram a passar o seu fim de semana à porta das grandes superfícies comerciais.
Convém lembrar que, em 2007, campanhas deste tipo e excedentes oferecidos pelos vários agentes da indústria agro-alimentar atingiram cerca de 20 mil toneladas.Contudo também convém ter muito presente o desabafo de Isabel Jonet: estes alimentos são em muitos casos apenas "uma ajuda pontual" para ultrapassar "uma situação mais difícil".
Isto é, há que passar para lá do simples gesto de dar coisas!
Ou seja, há que reorganizar a vida da nossa sociedade não só a nível macro (da responsabilidade dos governos, que dificilmente passará de uma solidariedade institucional, mais ou menos genérica, mas a quem compete criar as condições para que a dignidade de todos seja dignamente respeitada e promovida) mas também e talvez sobretudo a nível micro (da responsabilidade das comunidades e das pessoas, as únicas capazes de uma solidariedade pessoal e de proximidade, situada e personalizada).
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