divórcio ou casamento eterno?...

2009-05-11

Bela Vista

Não basta ter este nome bonito para o bairro ser um exemplo dos nossos ditos “brandos costumes”. Os recentes acontecimentos facilmente o converteram no Bairro da Má Vista.
Embora a uma escala muito menor, os vários dias, que já duram os confrontos entre grupos criminosos e a Polícia, não podem deixar de nos lembrar o que aconteceu em França e na Grécia.
Portanto, um primeiro cuidado é não cair no erro de os julgar da mesma maneira, mas também de não os ignorar nem fazer deles temática eleitoralista.

Estes problemas de “má integração” dão geralmente este resultado. E a crise bem como a falta de empregos são um terreno fértil para o rebentar destes fenómenos.
Naturalmente que basta um qualquer facto, neste caso um muito grave (a morte de uma pessoa mesmo que envolvida em actividades pouco claras), para que tudo entre em polvorosa. Também aqui convém não confundir um acontecimento “casual” com as questões de fundo, que estão muito ligadas à marginalização exclusão social.
José M. Alves, vice-presidente do Observatório da Segurança e Criminalidade, aponta alguns caminhos para combater este fenómeno, que certamente terá tendência para se multiplicar:
- ter uma atitude policial imediata para isolar o grupo radical autor dos confrontos;
- não permitir que haja aproveitamento político do caso por grupos radicais extremistas;
- para lá da imediata intervenção policial, promover uma rápida identificação do grupo criminoso;
- “ir remendando socialmente”: actuar com dimensão social relativamente ao planeamento urbano e à criação de perspectivas para os jovens bem como combater a exclusão social e o desemprego.

Estes são problemas complexos das sociedades de hoje: não basta juntar pessoas ou arranjar-lhes casa; é preciso saber integrá-los, ter capacidade para os converter de desenraizados, oportunistas ou criminosos (alguns) em cidadãos activos e conscientes. No fundo, trata-se de uma intervenção social concertada, interdisciplinar, não só quanto a conteúdos mas também quanto a agentes e instituições, governantes e comunidades locais.

O sentido de inutilidade é corrosivo e tanto mais quanto mais adrenalina se pode pôr a correr.

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