O sub-mundo da cidadania
É possível que muitos tenham lido “o nosso direito à indignação”, que corre na Net, perante o insólito mas não inédito caso acontecido a uma funcionária da RTP1.
Para os que não leram, aqui vai o resumo: a dita funcionária engravidou e ficou tão contente que espalhou a notícia por amigos e colegas. Fez-me lembrar as muitas manifestações de alegria que o Evangelho refere perante boas novas!
Quando os “superiores” souberam, chamaram-na para lhe “comunicar, friamente, que teria que escolher entre o filho ou o emprego”. O tempo escasseia pois a seu contrato termina em Junho. Para complicar mais o drama, o marido está desempregado.
Como o e-mail vem assinado, é de supor que se trate de um facto verdadeiro.
Assim sendo, gentalha desta, que não tem o mínimo remorso em tomar tal decisão, só pode ser considerada um pulha moral. E coerentemente não fez a “intimidação” por escrito, mas “à porta fechada, apenas oral, sem testemunhas”.
Este facto não é inédito, como disse. Já várias vezes me foi referido por terceiros e oralmente que muitos empregadores usavam esta chantagem.
Mas desta vez alguém teve a coragem de dar a cara e denunciar publicamente a situação. Um ponto muito positivo em favor da nossa cidadania.
Mas devemos também, no mínimo, exigir ao sr. ministro do emprego e ao da tutela que abram um inquérito rigoroso para sabermos o que realmente se passa. E, sendo verdade, como tudo parece indicar, que tal “sumidade moral” seja devidamente castigada, nomeadamente expulsa da função que exerce e com a publicitação do seu nome.
Andam para aí os defensores do aborto a clamar pela dignidade da mulher. Andam para aí os subscritores de abaixo-assinados contra o aborto a defender o direito à vida dos inocentes.
E agora o que vão fazer?
Não será altura de se unirem já que com uma simples decisão foram postos em causa, por um lado, os direitos da mulher e, por outro, os direitos da criança ainda não nascida!
Ou só fazem, uns e outros, demagógicos discursos teóricos para tudo ficar quase na mesma, depois de terminada a guerra que se apresentou muito mais como combate político do que como defesa da dignidade das pessoas?
Que cidadania é a nossa?
Estamos dispostos a admitir chefias destas?
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