CinV (28) Contributo da Populorum Progressio (nº 13)
Bento XVI enumera os principais contributos da encíclica Populorum Progressio.
“Reafirmou a exigência imprescindível do Evangelho para a construção da sociedade segundo liberdade e justiça, na perspectiva ideal e histórica de uma civilização animada pelo amor”. Deve-se a Paulo VI não só a expressão “civilização do amor”, como o seu significado: “A sabedoria do amor fraterno, que tem caracterizado, em virtude e por obras, com toda a propriedade qualificadas de cristãs, o caminho da santa Igreja, surgirá com maior fecundidade, com vitoriosa felicidade, com regeneradora solidariedade. A sua dialéctica não será o ódio, a disputa, a avareza, mas o amor, o amor gerador de amor, o amor do homem para com o homem, não por um qualquer interesse provisório ou equívoco ou por alguma amarga e mal tolerada condescendência, mas por amor para contigo: a Ti, ó Cristo, descoberto no sofrimento e na necessidade de todos os nossos semelhantes. A “civilização do amor” prevalecerá no meio da inquietação das implacáveis lutas sociais e dará ao mundo a sonhada transformação da humanidade, finalmente cristã.” (No encerramento do Ano Santo, a 25.Dez.1975).
“Compreendeu claramente como se tinha tornado mundial a questão social”. Aliás como já referi atrás, Bento XVI, faz uma actualização desta “novidade” de Paulo VI: “Paulo VI já tinha reconhecido e indicado o horizonte mundial da questão social. Prosseguindo por esta estrada, é preciso afirmar que hoje a questão social tornou-se radicalmente antropológica, enquanto toca o próprio modo não só de conceber mas também de manipular a vida, colocada cada vez mais nas mãos do homem pelas biotecnologias” (75).
“Viu a correlação entre o impulso à unificação da humanidade e o ideal cristão de uma única família dos povos, solidária na fraternidade comum”. Esta ideia de que a humanidade constitui uma única família é uma ideia muito cara e há muito defendida pela Igreja e talvez a melhor fundamentação tenha sido dada por Pio XII: “Maravilhosa visão que nos faz contemplar o género humano na unidade da sua origem em Deus: "um só Deus e Pai de todos, que está acima de todos, que opera em todos e está em todos" (Ef 4,6); na unidade de natureza, igualmente constituída em todos de corpo material e de alma espiritual e imortal; na unidade do fim imediato e da sua missão no mundo; na unidade de habitação, a terra de cujos bens, por direito natural, todos os homens se podem servir para sustentar e desenvolver a vida; na unidade do fim sobrenatural, o próprio Deus, para quem todos devem tender; e na unidade dos meios para atingir tal fim” (Summi Pontificatus, 16).
Não resisto a citar aqui Amin Maalouf: “O primeiro destes valores é a universalidade, ou seja, que a humanidade é uma. Diversa, mas uma. Por isso, é uma falta imperdoável transigir nos princípios fundamentais com o eterno pretexto de que os outros não estariam prontos para adoptá-los. Não há direitos humanos para a Europa e outros direitos humanos para a África, a Ásia ou para o mundo muçulmano. Nenhum povo da Terra é feito para a escravatura, para a tirania, para o arbitrário, para a ignorância, para o obscurantismo, nem para a submissão das mulheres. Cada vez que negligenciamos esta verdade de base, traímos a humanidade e traímo-nos a nós próprios” (Um mundo sem regras).
Colocou o desenvolvimento, humana e cristãmente entendido, no coração da mensagem social cristã.
“Propôs a caridade cristã como principal força ao serviço do desenvolvimento”. Esta é, aliás, uma prática obrigatória para os cristãos, pois é pelo amor que se conhecem os discípulos de Cristo e é a única resposta capaz de romper a espiral da violência.
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