divórcio ou casamento eterno?...

2009-10-10

CinV (34) Progresso e Verdade (nº 18)

“Além de requerer a liberdade, o desenvolvimento humano integral enquanto vocação exige também que se respeite a sua verdade”. Bento XVI desenvolve esta ideia em quatro aspectos.

1ª. O progresso deve levar as pessoas a “realizar, conhecer e possuir mais, para ser mais” (PP 6). Mas o que significa “ser mais”. Paulo VI explica que “só assim se poderá realizar em plenitude o verdadeiro desenvolvimento, que é, para todos e para cada um, a passagem de condições menos humanas a condições mais humanas” (PP 20). E explicita de seguida: “Deve-se dizer que vivem em condições menos humanas, primeiramente os que são privados do mínimo vital pelas carências materiais ou que por carências morais são mutilados pelo egoísmo. E depois os que são oprimidos por estruturas opressivas, quer provenham dos abusos da posse ou do poder, da exploração dos trabalhadores ou da injustiça das transacções. Mais humanas: a passagem da miséria à posse do necessário, a vitória sobre os flagelos sociais, o alargamento dos conhecimentos, a aquisição da cultura; … a consideração crescente da dignidade dos outros, a orientação para o espírito de pobreza, a cooperação no bem comum, a vontade da paz; o reconhecimento, pelo homem, dos valores supremos, e de Deus que é a origem e o termo deles. E finalmente e sobretudo, a fé, dom de Deus acolhido pela boa vontade do homem, e a unidade na caridade de Cristo que nos chama a todos a participar como filhos na vida do Deus vivo, Pai de todos os homens” (PP 21).

2ª. “Para ser autêntico, deve ser integral, quer dizer, promover todos os homens e o homem todo” (PP 14). Portanto não só deve promover cada pessoa em todas as suas dimensões mas também todas as pessoas e povos. Como diz Bento XVI: “A verdade do desenvolvimento consiste na sua integralidade: se não é desenvolvimento do homem todo e de todo o homem, não é verdadeiro desenvolvimento”. Esta é a visão cristã que “tem a peculiaridade de afirmar e justificar o valor incondicional da pessoa humana e o sentido do seu crescimento. A vocação cristã ao desenvolvimento ajuda a empenhar-se na promoção de todos os seres humanos e da pessoa toda”. Paulo VI sintetizava: “O que conta para nós é o homem, cada homem, cada grupo de homens, até se chegar à humanidade inteira” (PP 14).
Paulo VI, no encerramento do Concílio (7.Dez.1965), recordou que uma das suas preocupações centrais foi “o homem tal qual se mostra realmente no nosso tempo: o homem que vive, o homem que se esforça por cuidar só de si; o homem que não só se julga digno de ser como que o centro dos outros, mas também não se envergonha de afirmar que é o princípio e a razão de ser de tudo. Todo o homem fenoménico, revestido dos seus inúmeros hábitos, com os quais se revelou e se apresentou diante dos Padres conciliares, que são também homens, todos pastores e irmãos, e por isso atentos e cheios de amor; o homem que lamenta corajosa­mente os seus próprios dramas; o homem que não só no passado mas tam­bém agora julga os outros inferiores, e, por isso, é frágil e falso, egoísta e feroz; o homem que vive descontente de si mesmo, que ri e chora; o homem versátil, sempre pronto a representar; o homem rígido, que cultiva apenas a realidade científica; o homem que como tal pensa, ama, trabalha, sempre espera alguma coisa; o homem sagrado pela inocência da sua infância, pelo mistério da sua pobreza, pela piedade da sua dor; o homem individualista, dum lado, e o homem social, do outro; o homem que louva o seu tempo e o homem que sonha com o futuro; o homem por um lado sujeito a faltas e por outro adornado de santos costumes; e assim por diante”.
E João Paulo II lembrou que “o homem é o verdadeiro e fundamental caminho da Igreja” (RH 14).

3ª. “A fé cristã ocupa-se do desenvolvimento sem olhar a privilégios nem posições de poder nem mesmo aos méritos dos cristãos”. Suponho que as últimas palavras não quererão indiciar qualquer superioridade “moral ou cívica” dos cristãos. Mas o desenvolvimento para ser autêntico não pode olhar a privilégios nem fazer discriminações, sejam de que tipo forem.

4ª. O Evangelho é elemento fundamental do desenvolvimento, porque Jesus Cristo sempre colocou a pessoa no centro de todas as preocupações.

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