divórcio ou casamento eterno?...

2009-10-07

UNESCO

Tão agitada andou a nossa campanha eleitoral foi (e ainda anda, mas mais localizada) que possivelmente nem demos pelas eleições para Director Geral da UNESCO.
A UNESCO (das iniciais United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization: Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) é um dos primeiros organismos especializados da ONU, pois foi criado a 16.Nov.1945, tendo como objectivo de contribuir para a paz e segurança no mundo através da educação, da ciência e da cultura, como o seu nome indica, especialmente através da erradicação do analfabetismo. Preocupa-se também com a definição, preservação e restauração de locais que classifica como “património da humanidade”. Tem ainda uma vertente de “patrimónios imateriais” de que se espera que, dentro de dois anos, o nosso fado faça parte, tal como o tango já faz.
Com objectivos tão nobres, a verdade é que a UNESCO tem perdido credibilidade, devido a situações escandalosas de compadrios e corrupção bem como declarações e atitudes demagógicas.
Pois há cerca de quinze dias foi eleito o novo Director Geral. E mais uma machadada lhe ia acontecendo. O candidato, dado como vencedor, pois era apoiado, pela Liga árabe, pela OUA e também pela França e outros países europeus, era Faruk Hosni, pintor e ministro da cultura do Egipto. Além disso, parecia ter o curriculum ideal para continuar esta caricatura da UNESCO: faz parte de um governo que pratica sistematicamente a censura, colaborou na fuga de terroristas árabes que assaltaram o cruzeiro “Achille Lauro”, matando um turista inválido, que por acaso era judeu (e) americano, e comprometeu-se no Parlamento a queimar os livros judeus pertencentes ao espólio da grande biblioteca de Alexandria.
Não sei que interesses se moviam por detrás destas manobras (nem sequer Israel manifestou o seu desacordo) mas é altura de a UNESCO ser dignificada e procurar alcançar os objectivos iniciais e que são a sua real razão de ser. A sua responsabilidade é hoje acrescida pois estamos num tempo de mudança, no qual a cultura vai ter, tem de ter, um papel determinante na procura de uma bússola que nos aponte algum rumo libertador e gerador de amanhã(s) que canta(m) para todos, num mundo onde vários milhares de milhões de pessoas não têm o mínimo para uma refeição decente.
Felizmente, a meio das sucessivas votações dois votos mudaram de sentido, o que permitiu derrotar Hosni e eleger Irina Bokova, embaixadora da Bulgária em Paris.
Não conheço a senhora de lado nenhum, mas pior que Hosni deve ser difícil.
Mas não chega ser melhor qu ele. É preciso reabilitar rapidamente a UNESCO.

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