divórcio ou casamento eterno?...

2009-11-27

CinV (55) Defesa vida “física” (nº 28)

Bento XVI verifica que o respeito pela vida está directamente ligado ao problema do desenvolvimento dos povos e de um modo cada vez mais relevante, “obrigando-nos a alargar os conceitos de pobreza e subdesenvolvimento às questões relacionadas com o acolhimento da vida, sobretudo onde o mesmo é de várias maneiras impedido”. E aqui remete-nos para várias passagens da Evangelium vitae, nomeadamente aquela em que se afirma: “Se depois o olhar se alarga ao horizonte mundial, como não pensar que a afirmação dos direitos das pessoas e dos povos, verificada em altas reuniões internacionais, se reduz a um estéril exercício retórico, se lá não é desmascarado o egoísmo dos países ricos que fecham aos países pobres o acesso ao desenvolvimento ou o condicionam a proibições absurdas de procriação, contrapondo o progresso ao homem? Porventura não é de pôr em discussão os próprios modelos económicos, adoptados pelos Estados frequentemente também por pressões e condicionamentos de carácter internacional, que geram e alimentam situações de injustiça e violência, nas quais a vida humana de populações inteiras fica degradada e espezinhada?” (EV 28).
O Papa explicita melhor as relações entre o direito à vida e este “alargamento de conceitos”, analisando o comportamento de países e organizações não governamentais (ONGs):
- nos países menos desenvolvidos, verifica-se, por um lado, que a “pobreza provoca ainda altas taxas de mortalidade infantil” e, por outro, a existência de “práticas de controle demográfico por parte dos governos, que muitas vezes difundem a contracepção e chegam mesmo a impor o aborto”;
- nos mais desenvolvidos, “são muito difusas as legislações contrárias à vida, condicionando já o costume e a práxis e contribuindo para divulgar uma mentalidade antinatalista que muitas vezes se procura transmitir a outros Estados como se fosse um progresso cultural”;
- algumas ONGs “trabalham activamente pela difusão do aborto, promovendo nos países pobres a adopção da prática da esterilização, mesmo sem as mulheres o saberem”;
- há ajudas ao desenvolvimento que não se livram da suspeita de estarem “associadas com determinadas políticas sanitárias que realmente implicam a imposição de um forte controle dos nascimentos”.
É neste contexto que aparece a única referência à eutanásia, denunciando não só as legislações que a legalizam, mas também “as pressões de grupos nacionais e internacionais que reivindicam o seu reconhecimento jurídico”.

Feitas as denúncias, segue-se a tese: “A abertura à vida está no centro do verdadeiro desenvolvimento”. E os argumentos são diversificados:
- a perda da noção do bem comum: “Quando uma sociedade começa a negar e a suprimir a vida, acaba por deixar de encontrar as motivações e energias necessárias para trabalhar ao serviço do verdadeiro bem do homem”;
- a desvalorização da cultura da vida em todos os âmbitos: “Se se perde a sensibilidade pessoal e social ao acolhimento de uma nova vida, definham também outras formas de acolhimento úteis à vida social”;
- o empobrecimento moral e da solidariedade: “O acolhimento da vida revigora as energias morais e torna-nos capazes de ajuda recíproca”;
- o desvio de recursos para interesses egoístas, em vez de os pôr ao serviço das necessidades alheias: “Os povos ricos, cultivando a abertura à vida, podem compreender melhor as necessidades dos países pobres, evitar o emprego de enormes recursos económicos e intelectuais para satisfazer desejos egoístas dos próprios cidadãos e promover, ao invés, acções virtuosas na perspectiva duma produção moralmente sadia e solidária, no respeito do direito fundamental de cada povo e de cada pessoa à vida”.

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