divórcio ou casamento eterno?...

2009-11-28

CinV (56) Defesa da vida espiritual: liberdade religiosa (nº 29)

Para fundamentar a afirmação de que “a negação da liberdade religiosa está intimamente relacionada com o desenvolvimento”, o Papa utiliza argumentos de ordem negativa e de ordem positiva.

Argumentação pela positiva
Deus criou o ser humano à sua imagem; por isso:
- é o garante do verdadeiro desenvolvimento do homem;
- fundamenta a sua dignidade transcendente;
- alimenta o seu anseio constitutivo de «ser mais».
Efectivamente “O homem não é um átomo perdido num universo casual, mas é uma criatura de Deus, à qual quis dar uma alma imortal e que desde sempre amou. Se o homem fosse fruto apenas do acaso ou da necessidade, se as suas aspirações tivessem de reduzir-se ao horizonte restrito das situações em que vive, se tudo fosse somente história e cultura e o homem não tivesse uma natureza destinada a transcender-se numa vida sobrenatural, então poder-se-ia falar de incremento ou de evolução, mas não de desenvolvimento”.

Argumentação pela negativa
1. Lutas por motivações religiosas
Muitos conflitos religiosos que, “com frequência hoje fazem apelo ao santo nome de Deus para matar”, por vezes não passam de uma “cobertura para razões de outro género, tais como a sede de domínio e de riqueza”. Mas acarretam sempre graves consequências, nomeadamente: “refreiam o desenvolvimento autêntico e impedem a evolução dos povos para um bem-estar sócio-económico e espiritual maior”. O Papa faz aqui uma referência especial ao terrorismo, que tratarei num comentário à parte.

2. Indiferentismo religioso e Ateísmo prático
“A promoção programada da indiferença religiosa ou do ateísmo prático por parte de muitos países contrasta com as necessidades do desenvolvimento dos povos, subtraindo-lhes recursos espirituais e humanos”.

a) “Quando o Estado promove, ensina ou até impõe formas de ateísmo prático” acaba por influenciar fortemente os comportamentos das pessoas e das sociedades:
- “tira aos seus cidadãos a força moral e espiritual indispensável para se empenhar no desenvolvimento humano integral;
- impede-os de avançarem com renovado dinamismo no próprio compromisso de uma resposta humana mais generosa ao amor divino".
O Papa aqui refere a sua primeira encíclica, onde afirma que "dado que Deus foi o primeiro a amar-nos pelo facto de Deus, agora o amor já não é apenas um «mandamento», mas é a resposta ao dom do amor com que Deus vem ao nosso encontro”, particularmente “num mundo em que ao nome de Deus se associa às vezes a vingança ou mesmo o dever do ódio e da violência, esta é uma mensagem de grande actualidade e de significado muito concreto” (DCE 1).

b) Além disso, “os países economicamente desenvolvidos ou os emergentes exportam para os países pobres, no âmbito das suas relações culturais, comerciais e políticas, esta visão redutiva da pessoa e do seu destino. É o dano que o superdesenvolvimento acarreta ao desenvolvimento autêntico, quando é acompanhado pelo subdesenvolvimento moral”.

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