divórcio ou casamento eterno?...

2009-12-03

CinV (60) Doutrina Social da Igreja (nº 31)

Dado o amplo espectro da DSI, com maior razão se lhe exige “uma importante dimensão interdisciplinar para poder desempenhar a sua função com a eficácia adequada e necessária. Só assim ela poderá:
- actuar a sua dimensão sapiencial, permitindo “à fé, à teologia, à metafísica e às ciências encontrarem o próprio lugar no âmbito de uma colaboração ao serviço do homem;
- ajudar a eliminar uma das causas do subdesenvolvimento: “uma carência de sabedoria, de reflexão, de pensamento capaz de realizar uma síntese orientadora, que requer «uma visão clara de todos os aspectos económicos, sociais, culturais e espirituais» (PP 13)”;
- evitar “a excessiva fragmentação do saber, o isolamento das ciências humanas relativamente à metafísica, as dificuldades no diálogo entre as ciências e a teologia que danificam não só o avanço do saber mas também o desenvolvimento dos povos”;
- superar os obstáculos que se levantam a uma “visão do bem completo do homem nas várias dimensões que o caracterizam. É indispensável o «alargamento do nosso conceito de razão e do uso da mesma» para se conseguir sopesar adequadamente todos os termos da questão do desenvolvimento e da solução dos problemas sócio-económicos”.
Por isso, Banto XVI alargar o âmbito e natureza da DSI: “Paulo VI já tinha reconhecido e indicado o horizonte mundial da questão social (PP 3). Prosseguindo por esta estrada, é preciso afirmar que hoje a questão social tornou-se radicalmente antropológica, enquanto toca o próprio modo não só de conceber mas também de manipular a vida, colocada cada vez mais nas mãos do homem pelas biotecnologias” (75).

João Paulo II esclarecera que “a doutrina social, por si mesma, tem o valor de um instrumento de evangelização: enquanto tal, anuncia Deus e o mistério de salvação em Cristo a cada homem e, pela mesma razão, revela o homem a si mesmo. A esta luz, e somente nela, se ocupa do resto: dos direitos humanos de cada um e, em particular, do «proletariado», da família e da educação, dos deveres do Estado, do ordenamento da sociedade nacional e internacional, da vida económica, da cultura, da guerra e da paz, do respeito pela vida desde o momento da concepção até à morte” (CA 54). Mas não ignora a importância das ciências sociais: “Aqui o termo «desenvolvimento» é tirado do vocabulário das ciências sociais e económicas” (SRS 8). Certamente não desenvolveu muito este tema porque Paulo VI lhe dedicara especial atenção. Depois de chamar a atenção para os seus riscos e limitações (OA 38-39), esclarece: “Animados pela mesma exigência científica e pelo desejo de melhor conhecer o homem, mas ao mesmo tempo iluminados pelo vivo impulso da sua fé, os cristãos que se aplicam às "ciências humanas" devem procurar estabelecer um diálogo que se preanuncia frutuoso, entre a Igreja e esse campo novo de descobertas. Obviamente cada uma das disciplinas científicas não poderá captar, na sua particularidade, senão um aspecto parcial, mas verdadeiro, do homem; a totalidade e o sentido porém, escapam-lhe. Entretanto dentro de tais limites, as "ciências humanas" garantem uma função positiva que a Igreja de bom grado reconhece. Elas podem mesmo alargar as perspectivas da liberdade humana, abrindo-lhe um campo mais vasto, que os condicionamentos até agora notados não lhe deixariam sequer prever. Elas poderiam ajudar também a moral social cristã, a qual verá o seu campo limitar-se sempre que se trata de propor alguns modelos sociais como melhores; ao passo que a sua posição crítica e de transcendência sairá reforçada, ao mostrar o carácter relativo dos comportamentos e dos valores que determinada sociedade apresentava como definitivos e inerentes à própria natureza do homem. Condição, ao mesmo tempo indispensável e insuficiente, para uma melhor descoberta do humano, estas ciências são uma linguagem, e cada vez mais complexa, mas que amplia em vez de diminuir o abismo do mistério do coração do homem e não lhe traz a resposta completa e definitiva ao desejo que sobe do mais profundo do seu ser” (OA 40).

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