divórcio ou casamento eterno?...

2009-12-04

CinV (61) Problemas novos, soluções novas (nº 32)

Para problemas novos, soluções novas.
Mas não serve qualquer solução. Há condições a ter em conta:
- serem procuradas em conjunto;
- respeitarem as “leis próprias de cada realidade”; na leitura da realidade, os cristãos (e não só) com frequência cometem duas falhas: 1) olham para a realidade não como ela é, mas como gostariam que fosse (a realidade também merece respeito), o que nos empurra para soluções inapropriadas, como se estivéssemos a responder a perguntas que ninguém fez; 2) esquecem que a realidade tem leis próprias que devem ser respeitadas: “Todas as realidades que constituem a ordem temporal – os bens da vida e da família, a cultura, os bens económicos, as artes e profissões, as instituições políticas, as relações internacionais e outras semelhantes, bem como a sua evolução e progresso – não só são meios para o fim último do homem, mas possuem valor próprio, que lhes vem de Deus, quer consideradas em si mesmas, quer como partes da ordem temporal total: «e viu Deus todas as coisas que fizera, e eram todas muito boas» (Gén. 1, 31)”, apesar de “o uso das coisas temporais ter sido, no decurso da história, manchado com graves abusos” (AA 7);
- terem como ponto de partida “uma visão integral do homem, que espelhe os vários aspectos da pessoa humana”
- serem “contempladas com o olhar purificado pela caridade”.

A dignidade humana e as exigências da justiça obrigam a reformas a vários níveis:
- as opções económicas não podem “aumentar, de forma excessiva e moralmente inaceitável, as diferenças de riqueza”; as crescentes desigualdades, que se repercutem num aumento maciço de pobreza, “tendem não só a minar a coesão social – e, por este caminho, põe em risco a democracia –, mas têm também um impacto negativo no plano económico com a progressiva corrosão do «capital social», isto é, daquele conjunto de relações de confiança, de credibilidade, de respeito das regras, indispensáveis em qualquer convivência civil”;
- deve considerar-se “como prioritário o objectivo do acesso ao trabalho para todos ou da sua manutenção”, pois é sabido que “uma situação estrutural de insegurança gera comportamentos antiprodutivos e de desperdício de recursos humanos, já que o trabalhador tende a adaptar-se passivamente aos mecanismos automáticos, em vez de dar largas à criatividade. Também neste ponto se verifica uma convergência entre ciência económica e ponderação moral. Os custos humanos são sempre também custos económicos, e as disfunções económicas acarretam sempre também custos humanos”;
- deve ser feita uma profunda reflexão sobre a economia e os seus fins, tendo em particular atenção a busca de soluções no curto e no longo prazo: “A diminuição do nível de tutela dos direitos dos trabalhadores ou a renúncia a mecanismos de redistribuição do rendimento, para fazer o país ganhar maior competitividade internacional, impede a afirmação de um desenvolvimento de longa duração. Por isso, há que avaliar atentamente as consequências que podem ter sobre as pessoas as tendências actuais para uma economia a curto senão mesmo a curtíssimo prazo. Isto requer uma nova e profunda reflexão sobre o sentido da economia e dos seus fins”;
- são precisos modelos e conceitos novos de desenvolvimento: “uma revisão profunda e clarividente do modelo de desenvolvimento, para se corrigirem as suas disfunções e desvios”; esta reformulação é exigida pelo “estado de saúde ecológica da terra e pede-o sobretudo a crise cultural e moral do homem, cujos sintomas são evidentes por toda a parte”.

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