divórcio ou casamento eterno?...

2010-03-07

Dia da Caritas

Não vou prestar homenagem a tantos samaritanos que fazem um trabalho admirávelmente humano, individual ou em grupos, para com os carenciados de pão, habitação, educação, saúde, esperança ou sentido de vida.
Apenas quero deixar duas passagens da encíclica Deus Caritas est de Bento XVI.

“A natureza íntima da Igreja exprime-se num tríplice dever: anúncio da Palavra de Deus (kerygma-martyria), celebração dos Sacramentos (leiturgia), serviço da caridade (diakonia). São deveres que se reclamam mutuamente, não podendo um ser separado dos outros. Para a Igreja, a caridade não é uma espécie de actividade de assistência social que se poderia mesmo deixar a outros, mas pertence à sua natureza, é expressão irrenunciável da sua própria essência.
A Igreja é a família de Deus no mundo. Nesta família, não deve haver ninguém que sofra por falta do necessário. Ao mesmo tempo, porém, a caritas-agape estende-se para além das fronteiras da Igreja; a parábola do bom Samaritano permanece como critério de medida, impondo a universalidade do amor que se inclina para o necessitado encontrado «por acaso» (cf. Lc 10, 31), seja ele quem for” (25).

“Por isso, é muito importante que a actividade caritativa da Igreja mantenha todo o seu esplendor e não se dissolva na organização assistencial comum, tornando-se uma simples variante da mesma” (31).

Gostaria, ainda, de reformular o velho aforismo: “Se queres matar a fome a alguém, não lhe dês apenas um peixe, ensina-o também a pescar”, acrescentando algo de muito importante “e não deixes poluir o rio”.
Assim conjugamos os três níveis do acolhimento ao outro:
- assistencial: há pessoas a morrer à fome: é urgente “dar um peixe”;
- promocional: para que a pessoa não fique dependente e ganhe a sua autonomia, condição indispensável para recuperar a sua dignidade, devemos “ensiná-la a pescar”;
- estrutural:  para que a pessoa possa aplicar as suas competências adquiridas no segundo nívelé necessário criar condições políticas e sociais, isto é, “não deixar poluir o rio”, pois o rio poluído não tem peixe e sem peixe de pouco adianta saber pescar.

O primeiro nível está ao alcance de todos, mesmo dos pobres.
O segundo exige já saberes técnicos e não se compadece com a indispensável mas ineficaz “boa vontade” (voluntarismo).
O terceiro é mais complexo, pois exige reformas estruturais na organização social , o que passa não só por adequadas políticas sociais mas sobretudo pela (re)conversão do estilo de vida de todos os cidadãos.

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