divórcio ou casamento eterno?...

2007-07-23

OTA

Li ontem no JN que Bruxelas nos considera um país de malucos: como é possível que depois de 30 anos de estudos, de sucessivos governos terem aprovado esta decisão do aeroporto na Ota, de repente tudo seja anulado? Mais, que se não for na OTA dificilmente virão os subsídios. Será verdade? Triste país o nosso quando sentimos que nada tem a ver com a OTA mas com interesses de políticos e empresários apoiados por técnicos, muito acólitos. Se não o fossem acólitos já teriam feito os seus estudos nos últimos anos, sem estar à espera que os polítidos e os empresários avançassem. Já agora quero só dizer que Alcochete me parece boa solução. Mas... quanto a locais não tenho preferência, pois não percebo nada de aviação nem de ventos nem dos outros muitos parâmetros envolvidos. Só não entendo porque se põem para o lixo aqueles estudos todos. Será que esses técnicos eram todos burros e os novos é que são bons? Isso seria pelo menos um bom argumento contra o insucesso escolar.
Se não fosse a desconsideração para com a riqueza cultural de África, diria que a África é mesmo ao pé da nossa porta.
Vou para férias. Até daqui a três semans. Boas férias para todos.

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Apios à família

O Governo anunciou algumas medidas económicas de apoios às famílias mais pobres. Isto é muito bom, mas não é propriamente uma política de incentivos à natlidade. Porque quem menos filhos têm não são os pobres, poranto as razões não sáo económicas, mas culturais. E este é um campo que exige medidas de natureza diferente, nomedamente laborais, de transportes, de habitação; mas sobretudo o envolvimento da sociedade civil, na defesa e valorização da maternidade. Se ao menso os movimentos fizesse o mesmo esforço que fizeram no debtae sobre o aborto, já não era mau.
Mas nós somos assim !!!!!

2007-07-18

Aeroporto

Não entendo a paixão de muitos lisboetas por term um aeroporto dentro da cidade.Até porque a maior parte dos novos aeroportos são feitos foram das cidades. Serão só razões de comodismo para os privados ou razões políticas para os políticos? Seja o que seja,
Uns e outros têm um agora um bom assunto para reflexão no despiste e explosão de um Airbus 320 numa grande avenida de S. Paulo, Brasil, por ter falhado a aterragem no Aeroporto de Congonhas, causando a morte de, diz-se, cerca de 250 pessoas.
Que os políticos brinquem com estas coisas a gente faz um esforço para entender. O que eu não entendo é os moradores de Lisboa quererem um aeroporto no meio da cidade. Quando dizem que as sondagens dão uma maioria pela manutenção do aeroporto na Portela, o que logo me ocorre é aquela do "Suicide-se alegremente!".
Até aqui, alguns diziam que um acidente era um argumento de pouco peso. Agora, talvez, o argumento não pareça tão disparatado.

2007-07-16

CV (34) O longo dia da TAC

Na semana passada fiz a TAC que mostrou uns pulmões limpos. O médico marcou-me uma nova TAC para daqui a dois meses. Foi um resultado que naturalmente me deixou muito feliz bem como aos familiares e amigos e sobretudo me aliviou de algum tensão miudinha que eu vinha começando a sentir. Como só hoje disponho de tempo suficiente e de calma interior para poder escrever um pouco mais, gostaria de partilhar com quem me ler como passei aquele longo dia.

Quando me levantei ocorreram-me aquelas palavras das primeiras páginas da Bíblia: "O Senhor disse a Abrão: Deixa a tua terra, a tua família e a casa de teu pai e vai para a terra que Eu te indicar" (Gn 12,1). Também eu me sentia de partida para uma terra desconhecida. Sabia onde era: geograficamente, a uns quatro quilómetros; era longe para a minha preparação física actual por isso, o camelo foi substituído por um Yaris. Sabia como era: uma maca que me arrastava para uma anel circular: "feche os olhos por causa do laser"; "pode abrir os olhos" e lá fiquei abraçado pelo anel metálico. SÓ NÃO SABIA era o que revelaria o retrato aos pulmões: essa era a minha terra desconhecida, a"terra que Eu te indicar".
Na véspera ao deitar-me, ao apgar a luz, o silêncio da noite em casa levou-me para as noites, as tantas noites que passei na Ortopedia B: por volta das 11 da noite, fechava-se a luz, embora nem sempre houvesse consenso, mas ficava ainda a TV com as suas telenovelas a manter um ruído luminosos de fundo que ia espicaçando as pálpebras mesmo fechadas; depois já no silêncio televisivo eram as pequeninas lâmpadas dos monitores que controlavam o soro ou a medicação que ulceravam a escuridão da enfermaria; de tempos a tempos o aviso sonoro para substituição das garrafas de soro; por vezes, quando a máquina não funcionava, conversávamos com a angústia de o soro acabar e haver algum retorno sanguíneo. "Durma descansado, que nós estamos cá para controlar tudo isso" sossegava a enfermeira de noite. Não era falta de fé na enfermeira, era aquele receio profundo que vem do fundo da noite dos tempos e que fomos adquirindo como mecanismo de sobrevivência num tempo em que ainda não havia enfermeiros. De duas em duas horas a necesidade de desaguar o líquido que nos invadia a corrente sanguínea e o receio de alguém se ter esquecido de despejar o urinol, o que poderia originar uma pequena catátrofe: entorná-lo para o meio do chão ou encharcar os lençóis. Insignificâncias que se tornam tragédias se acontecem às três da manhã numa enfermaria.
Mas voltando ao dia em causa. Pensei que a melhor distracção era ler alguma coisa agradável. Vogava calmamente na Net quando, ao desembarcar no site do El País, me deparo com uma crónica sobre o congresso Strings 07 que estava a decorrer em Madrid. Arrebitaram-se-me as orelhas: aí estava um excelente calmante. Para os que não saibam, este congresso reuniu cerca de 500 físicos teóricos especializados na Teoria das Cordas. Enquanto lia a notícia ia recordando o que sabia sobre esta grande coqueluche, que os mais apaixonados consideram a grande revolução que aí vem. E ia conversando comigo. Um dos grandes desafios da física hoje (o maior, para alguns) é que que dispõe de dois bons modelos standard: o das partículas, apoiado na mecânica quântica, que explica a dúzia de "partículares elementares" e os 12 vectores que as ligam (o infinitamente pequeno) e o do big bang, apoiado a teoria da relatividade, que explica o infinitamente grande. Ambas as teorias tem fortes argumentos e funcionam bem no seu domínio. O problema é que são incompatíveis, quando têm de se cruzar. Ora acontece que o infinitamente grande é constituído pelas tais partículas elementares. Portanto, o sonho dos físicos é juntar numa só teoria, o que seria a "Teoria do Tudo" ou da grande unificação, estas duas irmãs irreconciliáveis. É aqui que aparece a tal Teoria das Cordas, que seria capaz de fazer o milagre cioentífico de conciliar as irmãs desavindas. Mas fá-lo à custa não só de um instrumental matemático demasiado sofisticado, mas sobretudo porque exige que o Universo e o nosso dia a dia tenham não apenas 4 coordenadas (as conhecidas três espaciais - comprimento (x), largura (y) e altura (z) - e o tempo), mas 10, 11 ou mesmo 26. Onde estão as que nós não vemos nem somos capazes de imaginar? Poderia a força de gravitação, a força do "infinitamente grande", que a teoria da relatividade estuda a quatro dimensões, andaria, parte dela, perdida nas dimensões supranumerárias e será essa falta que tem impedido a harmonização com que os físicos sonham?
Estes meus devaneios de Nobel frustrado foram interrompidos pela amorosa solicitude da minha mulher, extraordinária companheira especialmente nestes dias: "São horas!"
Eram horas de partir para a terra desconhecida. Respirei fundo, agarrei-me às migalhas que caíram da mesa farta da fé de Abrão e lá vamos nós na esperança de que também eu pudesse mudar de nome, para Abraão.
Enquanto aguardava a minha vez, fiz uma incursão pela Science & Vie, a deliciar-me com uma reflexão sobra a hipótese da "Terra rara". A Terra seria uma enorme excepção na multidão dos potenciais mundos (e, portanto, haveria no espaço sideral muitas poucas experiências de vida inteligente, o que sinceramente não me convence, pois não acredito que sejamos os únicos neste Universo com tantos milhões de milhões de galáxias, cada uma com milhões e milhões de estrelas). Mas diverti-me muito com a argumentação. Nós só aqui estamos, li, porque houve um conjunto significativo de condições favoráveis para aqui podermos estar. Esta é a última versão do princípio antrópico que conheço! Aí vai a lista dessas tais condições tão favoráveis que se conjugaram para produzir este ser que o Salmo 8 descreve tão bem, na sua dupla faceta: "Quando contemplo os céus, obra das tuas mãos, a Lua e as estrelas que Tu criaste, que é o homem para te lembares dele, o filho do homem para com ele te preocupares (isto é, somos uma poeira infiniamente pequena num Universo infinitamente grande)? Quase fizeste dele um ser divino, de honra e glória o coroaste. Deste-lhe o domínio sobre as obras das tuas mãos, tudo submeteste a teus pés (isto é, somos infinitamente grandes mesmo perante o infinitamente grande que é o Universo)". Mas vamos às coincidências:
- a posição ideal do nosso sistema solar na galáxia: nem demasiado perto do centro para não sermos queimados pelas fortes emissões de raios gama, UV e X do núcleo onde há uma grande concentração de estrelas; nem demasiado longe, porque dessas estrelas que vão explodindo (morte) nascem (ressurreição) os metais pesados indispensáveis para que o planeta possa reter uma atmosfera: 40 0000 anos luz do centro é a nossa posição na Via Láctea;
- a posição ideal do nosso planeta no sistema solar: nem demasiado perto para não sermos assados pelo calor; nem demasiado longe para não morrermos a tiritar de frio: a janela ideal da vida rasga-se ntre os oº e os 6oº C: 150 milhões de Km é a nossa distância ao Sol;
- estamos na zona de habitabilidade do Sol, que vai recuando à medida que uma estrela vai envelhecendo: temos ainda uns bons 3 mil milhões de anos para saborear um repousante pôr do sol;
- apesar da temperatura ambiente ser -18º C, a Terra consegue uma temperatura primaveril graças à existência de gases de efeito de estufa, nomeadamente CO2: e tudo isto, porque a Terra, contrariamente aos outros planetas, tem a "tectónica de placas", que ao deslocar as placas continentais permite reciclar o carbono retido nos sedimentos, sob a forma de carbonatos, e enviá-lo para a atmosfera sob a forma de CO2;
- esta tectónica de placas permitiu também o aprecimento de um campo magnético que protege a vida dos perigosos raios cósmicos e dos ventos solares;
- depois temos a Lua cujo processo de formação pode ter ajudado no aparecimento da tectónica de placas, mas sobretudo porque estabilizou o eixo de rotação da Terra: sem a Lua possivelmente este eixo bascularia rapidamente trocando os pólos com o Equador e vice-versa em alguns milhões de anos ou mesmo centenas de milhares de anos: ora esta variação tão "rápida" causaria variações climáticas que ocasionariam grandes extinções maciças da vida e atrasaria ou evitaria o aparecimento de formas "superiores" de vida;
- finalmente a proximidade de Júpiter, um planeta suficientemente pesado para nos proteger do choque com grandes meteroritos fatais à vida (ainda recentemente, em 1994, vimos o cometa S-L 9 fragmentar-se numa vintema de bocados e chocar brutalmente contra Júpiter) e estabilizar os perigosos asteroides.
Bom, são realmente coincidências a mais; mas não estamos no domínio da fé mas da ciência. E é possível calculr as probabilidades e ver se realmente somos tão improváveis como isso!
"José Dias da Silva" pareceu-me ouvir ao longe, tão longe da "Terra rara". Era a chamada para a "Terra desconhecida". Entrei. "Tem algo metálico? Fio de ouro?". "Nada; de ouro tenho às vezes, mas muito poucas vezes, o coração". Mas agora não sei de que metal é ele? Talvez de um metal ou mineral de cor verde, a cor da esperança.
"Deite-se na maca"; "Feche os olhos"; "Pode abrir os olhos". E lá vou eu enterrar-me no anel magnético. Zing... zing... zing... "Encha o peito de ar. Não respire" era a voz off neutra cassética. O Zing acelera, a maca desliza. "Pode respirar". Buffff!!!.
O ciclo repete-se três vezes. Bom ou mau sinal? O médico analista tem dúvidas e quer esclarecê-las ou quer apenas confirmar a boa notícia.?
Mãos carinhosas ajudam-me a levantar: "Está bem?". "Tou". "Então vá tomar um café para descomprimir". "O que me descomprime é o resultado". "Vá lá, tudo há-de correr bem". É um sinal a ter em conta ou foram palavras de ocasião?
Ainda me restam algumas pipocas do saco da fé de Abraão. A terra desconhecida até pode ser uma terra onde corre leite e mel.
Saio. Sentada a cinco metros da porta, a Fátima chora. Pareceu-me bom sinal. A minha mulher chora mais com as boas notícias. E ela chovia copiosamente.
"Tudo bem!!!" e um abraço de muito amor e carinho disse tudo o que um romance de 500 páginas seria incapaz de relatar.
"Só falta comparar com a última, porque há lá duas pequeninas manchas esborratadas. Possivelmente não será nada, mas é preciso comparar". "E por que não comparam?". "Porque o computador não deixa". Os computadores são muito nossos amigos, mas também gostam de gozar com o pessoal. Mais tarde, a boa notícia: as manchas já lá estavam há meio ano atrás. Portanto deve ser defeito de fabrico. Há defeitos muito queridos!
Era só meio-dia. Meio dia muito longo.
Que acabou bem!
E cá estou eu a recompor-me e a colocar-me nas mãos dAquele que preside ao curso dos tempos e renova a face da terra (Gaudium et Spes 26) e na esperança de poder responder ao que Ele espera de mim.

2007-07-03

Glórias do Mundo

Os dez anos da morte de Diana foi comemorados com pompa e circunstância.
Embora nem sempre me tenha deixado convencer por tanta inocência e simpatia, acho muito bem que os filhos queiram homenagear a mãe e o façam o mais visivelmente possível.
Quem tem filhos e amigos com esse poder não é difícl fazer o que eles fizeram.
Mas penso que outros, mesmo sem aquele poder poderíamos e deveríamos ter feito alguma coisa para recordar a Madre Teresa de Calcutá, que como se sabe (u já nos teremos esquecido?) morreu na mesma altura. Claro que não morreu num automóvel de alta cilindrada, acompanhada por um magnate árabe nem perseguida pelos papparazzi, mas essas não são razões, mesmo humanas, para não recordar o tanto de humano que ela fez e ela era. Viver nas ruas mais pobres e andrajosas dos bairros de lata das desumanas "megapolis", sempre rodeada pelos mais pobres dos pobres, não é um bom cartão de apresentação para um mundo que idolatra a beleza física de um corpo jovem e que tudo faz para ser cobiçado. Os critérios do mundo felizmente não coincidem com os critérios do Reino de Deus. Mas quem quer saber disso?