Tempo de recuperação
Boas férias. Boas, isto é, muita paz, muita alegria e algum tempo para paragem interior.
O stresse e a velocidade não tardam.
Também vou parar duas semanas.
Um abraço para todos e todas.
divórcio ou casamento eterno?...
Boas férias. Boas, isto é, muita paz, muita alegria e algum tempo para paragem interior.
Depois de uma referência aos tempos difíceis da queda do império romano do ocidente, é oportuno recordar algumas palavras de Bento XVI proferidas na Homilia no Hipódromo de Randwick (Austrália; 20.Jul.2008).
A propósito dos primeiros séculos do cristianismo e o seu testemunho, parece-me interessante citar um texto de van Doren[1], com ligeiras adaptações. Insere-se no seu comentário à Cidade de Deus de Santo Agostinho. Refere-se, portanto, aos tempos da queda do império romano, isto é, a um mundo em profundas mudanças. Faz a comparação de dois estilos de vida.
“Testemunho” é uma destas palavras que de tanto ser usada se vai degradando e perdendo alguma consistência. De qualquer maneira ela aponta para comportamentos e atitudes que caracterizam estilos de vida que podem ter reflexos na vida dos outros e sobretudo na própria sociedade.
Uma das principais causas da falta de influência dos cristãos parece-me ligada à falta de entusiasmo, a uma espécie de tédio e cansaço. Claro que tivemos um inconveniente: a esmagadora maioria já “nasceu cristão”; não teve que se “fazer cristão”. E isto faz muita diferença. Nascer cristão não nos exige nada: basta dizer-se cristão ou “praticante”, procurar cumprir os mandamentos ( não necessariamente o mandato do amor que nos identifica como discípulos de Cristo), ir à missa e pouco mais. Fazer-se cristão exige assumir um estilo de vida, nada fácil sobretudo nos tempos de hoje. Exige coerência e capacidade de viver de acordo com os valores evangélicos. Alguns (muitos?) até parece que vivem sob um complexo de inferioridade, receando assumirmo-nos como cristãos.
Uma das frases que ontem citei do Cardeal patriarca dizia: “A Igreja, pela mudança global e pela mudança interna com critérios culturais profanos, foi perdendo espaço na sociedade como principal fonte inspiradora de valores da humanidade. Ao contrário, a sua palavra e doutrina é frequentemente vista com desconfiança ou mesmo rejeitada por uma sociedade que considera ter encontrado a sua autonomia na construção da verdade” (4).
Hoje vou dedicar-me a citações.
Sempre houve mudança e a todos os níveis: físico, social, temporal. Tudo muda e não só os seres vivos. Basta-nos olhar uma qualquer paisagem que de uma estação do ano para outra muda, ao menos de fisionomia. A evolução em muitos milhões de anos deu origem a milhares de géneros e espécies de seres vivos e desfez e construiu montanhas.
Como referi atrás “é evidente que, para que se realize a dita pastoral de solidariedade, é fundamental que os cristãos saibam quem são e o que são (identidade), saibam ler evangelicamente a realidade (leitura dos sinais dos tempos) e saibam o que devem testemunhar (missão).
Tirando algumas excepções, a maior parte das vezes mal compreendidas e até hostilizadas, talvez possa dizer-se que o maior "pecado" dos leigos nestes últimos anos seja o que chamaria a "privatização da fé".
Continuando...
O problema do analfabetismo religioso é grave, extremamente grave, diria eu. Mas antes de fazer a minha reflexão sobre ele, gostaria de, na sequência do comportamento dos nossos Bispos, falar também das comunidades e dos cristãos, até para que não fique a ideia de que a Igreja, como há ainda muita gente a pensá-lo, se esgota nos Bispos.
Estas diferentes posições dos nossos Bispos não devem ser entendidas de um modo superficial e crítico “destrutivo” ou reaccionário como há sempre pessoas que gostam de os acusar os eles não dizem o que elas gostariam de ouvir, porque me parece que podemos encontrar subjacente a estas mudanças, pelo menos duas razões, que, à falta de melhores termos, chamaria sociológica e teológica.
Continuando...
Nem sempre é fácil para quem viveu, até há pouco em estado de cristandade, aprender a viver numa sociedade plural e aberta.